quarta-feira, 9 de março de 2011

Por que a militância na PJ é tão rara?

Aquelas palavras de Jesus que nos desafiam: "a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos" (Lc 10,2), me fizeram parar pra pensar que o êxodo dos jovens mais velhos na caminhada, daqueles que começaram com 15 ou 16 anos a participar de um grupo grupo e vão embora quando mais velhos, se deve mais a uma situação econômica do que psicológica. E explico meu pensamento.

É comum a gente pensar que quem fica mais velho tende a ir embora apenas porque não aguenta mais assitir a uma 5.ª reunião sobre amizade ou namoro cristão; ou talvez porque já se sinta cansado de fazer sempre a mesma coisa e percebe que é hora de outras pessoas assumirem o comando. Isso tudo é verdade, mas considero que seja secundário ante o imperativo da busca por trabalho e renda.

Há uma relação entre a condição econômica e a chance do jovem permanecer por mais tempo num grupo de base, pastoral ou movimento, desenvolvendo seu processo enquanto militante. Pois à medida em que estes são obrigados a se sujeitar às condições impostas pelo mercado de trabalho (como horários de trabalho no domingo e no sábado, férias definidas pela empresa, jornadas extras...), eles possuem cada vez menos tempo disponível em relação ao que dispunham enquanto adolescentes:
  • A presença em reuniões durante a semana, caso trabalhem e tenham de estudar à noite, ficam mais difíceis.
  • Os fins de semana, no caso de retiros, cursos, acampamentos, viagens... não dependenderiam apenas mais do aval dos pais, mas também da licença do serviço.
  • Havendo um desgaste físico e mental a ser reposto no fim de semana, ou no dia de folga, exige-se maior tempo de descanso. O que sobrar deve ser compartilhado entre família, amigos, namoro, pastoral, filhos...
Dito isso, não estou tratando de uma relação causa-efeito, como se quem tivesse melhor condição econômica conseguiria vivenciar mais o processo do grupo de jovens. Estou destacando que a nossa "falta de operários" para a Evangelização não se deve apenas a uma "falta de vontade pessoal" ou "descompromisso" dos jovens militantes, mas especialmente a imposições econômicas, que tiram tempo, vida e energia do jovem. E ele tem que "gastar isso" para conseguir o seu sustento, nem que para isso tenha de abrir mão de coisas que sejam tão significativas.

6 comentários:

  1. bonita reflexão :D
    qndo kiser seja bem vindo no meu blog
    www.douglasdapj.blogspot.com
    abçs

    ResponderExcluir
  2. Hélio,

    Fico feliz que escreveste este escrito. Se a situação econômica já torna difícil a participação em grupos de base, o que falar daqueles e daquelas que são militantes? Teu escrito é provocativo pra rediscutirmos a militância das e dos pejoteiros. Uma discussão séria que leve em conta a conjuntura que estamos vivendo atualmente, as condições que os jovens se encontram hoje.

    Abraços!

    ResponderExcluir
  3. Caro Hélio, concordo em parte nessa reflexão. Penso que a situação econômica dos jovens dificulta bastante uma participação mais presencial, tenho vivido isso na pele. Mas percebo que não é somente a condição econômica, pois muitos jovens começam seu engajamento eclesial em alguma das PJ´s, mas acabam indo para outras pastorais, movimentos, ong´s e etc. Percebo, também, que muitos jovens saem dos grupos de jovens por não se adequarem a proposta pastoral e assim preferem ir apenas às missas dia domingo, ou aparecer uma vez ou outra em algum evento. E por aí vai, podemos perceber diversas motivação e dentre elas a econômica, mas acho que colocar tal motivação como a principal é um pouco reducionista.
    Abraço

    ResponderExcluir
  4. Hélio o que você escreve é muito real e presente aqui na PJMP da minha diocese,( SR. DO BONFIM- BAHIA)onde muitos jovens militantes, hoje casados, e com filhos pequenos, já não aparecem tanto nos encontros semanais, reuniões ampliadas, acampamentos. Alguns dizem: fulano abandonou, beltrano tá desligado... mas não imaginam o quanto é difícil para nós jovens,ter que nos dividirmos entre a família,trabalho, amigos. E pastoral rsrs. Mas muitos ainda se fazem presentes, quando aparecem férias, folgas... ou fazendo um trabalho de assessoria, enviando material para os grupos de base, se propondo a ajudar em encontros específicos. Eu sou um exemplo disso, a PJMP não morreu pra mim, está cada vez mais acesa sua chama, vim morar nesta cidade por força das circunstãncias, mas em minhas veias corre sangue PJMP e quero poder fazer minha faculdade, casar, ter meus filhos, e estar sempre dentro desta que é minha 2ªfamília. E hei de anunciar o nome de Jesus aonde eu for, e anunciar que a Pastoral da Juventude do Meio Popular me permitiu e permite ser a cada novo dia uma jovem consciente, lutadora e resistente. ILEAÔ!!!!!!!( VISITEM MEU BLOG: SONHOSDENANY.BLOGSPOT.COM E SIGAM RSRS)

    ResponderExcluir
  5. Amigos, analisando mais a reflexão, devo concordar que afirmar que a causa econômica é "principal" corre o risco de ignorar outros fatores, o que exige revisão do texto. Mas chamo a atenção para a sua imensa capacidade de intervir nos demais fatores, como o tempo.

    ResponderExcluir
  6. São muitos os motivos que reduzem a participação jovem nos diversos movimentos e pastorais. Mas, precisamos valorizar também a história de vida que se modifica em cada um. Esteja onde estiver, esse jovem que já foi adolescente de grupo de base leva sua formação, suas opiniões e seu testemunho sem mesmo perceber. É aos poucos que construímos nosso ser no mundo...
    Não podemos esquecer também que a vida é feita de fases. As coisas mudam, as pessoas mudam, o mundo muda e a militância vai ser feita de outras formas, além de estar no grupo de base todo fim de semana. A construção é o que importa e a continuidade de trabalho de forma indireta no seu dia-a-dia. Amém!Axé!Awerê!Aleluia!

    ResponderExcluir